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Futebol
30 junho 2025, 10h01
Di María
Na hora do regresso à Argentina, foi com as emoções à flor da pele que o jogador recordou momentos marcantes do seu percurso de cinco anos – 2007-2010 e 2023-2025 – de águia ao peito, culminado, aos 37 anos, com 217 jogos, 51 golos e 5 títulos: 1 Campeonato Nacional (2009/10), 3 Taças da Liga (2008/09, 2009/10 e 2024/25) e 1 Supertaça Cândido de Oliveira (2023/24).
Um caso de "amor puro" e à primeira vista que se iniciou em 2007, quando, muito jovem e ainda à procura de reputação no futebol internacional, começou a transformar-se num ídolo dos Benfiquistas, estatuto totalmente confirmado e consolidado em 2023, ano em que Di María cumpriu o desejo de regressar ao Estádio da Luz, a sua "casa na Europa", para voltar a vestir o Manto Sagrado.
Nas duas passagens pelo Glorioso, um fator em comum: a "eterna gratidão" aos adeptos. O carinho que recebeu dos Benfiquistas ficará para sempre no coração do argentino, que, disse, acredita ter conseguido "retribuir em campo" essa energia transmitida desde as bancadas.
Um derradeiro voo enquanto jogador das águias de um craque intemporal que, nesta mesma entrevista, abordou vários temas do passado, do presente e do futuro.
Vai regressar ao Rosario Central. Tinha idealizado finalizar no Benfica o seu percurso na Europa, e terminar a carreira como jogador no clube onde se formou?
Disse-o muitas vezes quando vim para o Benfica. Também disse que queria voltar, que queria voltar a vestir esta camisola. Para mim é como a minha casa, porque foi o meu primeiro clube na Europa. Um lugar onde cheguei com 18 anos, com a minha mãe, o meu pai, as minhas irmãs. E desde o primeiro dia senti o carinho e o amor das pessoas. Passei três anos maravilhosos e quando tive de partir foi difícil. Foi muito difícil para mim, mas tinha essa esperança de um dia voltar a vestir esta camisola. Creio que me vou embora com essa alegria de ter voltado, de ter cumprido a minha palavra de voltar ao Benfica. E também disse que tinha muita vontade de terminar no Rosario Central, no meu clube, na minha casa, onde me formei, onde comecei. Então, acho que é um final mais do que sonhado.
Qual é a sua ideia: jogar mais um ano, ou sente que tem forças para jogar ainda mais?
Isso não sei, vou assinar um contrato de apenas um ano, vou ver como me sinto, mas acho que ainda tenho condições de continuar num bom nível. Acho que estou a demonstrar isso também aqui no Mundial de Clubes e tenho a esperança de poder jogar mais alguns anos, mas vai depender de como me sentir.
O que significam as lágrimas de Di María na final da Taça de Portugal?
Difícil, porque tinha o sonho de poder ganhar o 39, de poder conquistar também a Taça. Tínhamos ganho a Taça da Liga, e isso tinha-me deixado muito feliz e tinha a esperança de poder conquistar os três títulos. Mas enfim... Não foi possível. Foi um momento difícil, para mim. Foi um conjunto de coisas, saber que era o meu último jogo em Portugal, em Lisboa, na cidade onde fui muito feliz. Não poder dar essa alegria a todos os Benfiquistas doeu-me muito. Mas acho que vou embora muito tranquilo porque consegui ganhar tudo o que se podia ganhar em Portugal. Ganhei tudo, todas as competições nos cinco anos em que lá estive e pude voltar e provar que realmente cumpri com a minha palavra e voltei a vestir esta camisola.
Foi um dia duro para a nação benfiquista. E foi ainda mais para Di María, por ser o último jogo nos relvados portugueses.
Por isso foi realmente difícil, porque eu sabia que era o último jogo, não poder dar essa alegria. O estádio estava incrível. O ambiente, toda a gente do Benfica a apoiar desde o primeiro até ao último minuto, e não poder dar essa alegria, digamos... Vou-me embora tranquilo, mas ao mesmo tempo um pouco triste por não poder dar-lhes mais alguma alegria.
A imagem de Di María após o golo ao FC Porto [no Estádio da Luz], a fazer aquele gesto do "juntos". O que é que significava este momento, esta interação com os adeptos do Benfica?
É o carinho que me deram durante os cinco anos. É também demonstrar esse mesmo carinho que tenho por eles, que me fui embora, que voltei... Que quis voltar a vestir esta camisola mais uma vez, que poderia ter ido para qualquer parte do mundo e decidi voltar novamente ao Benfica. E acho que também me doeu muito não ter podido jogar mais jogos no Estádio da Luz, por lesões. Mas o futebol é assim. Acho que a única coisa que eu queria era demonstrar um pouco do meu amor por todos os Benfiquistas e creio que o consegui.
Recorda-se daquele momento no Estádio da Luz, na apresentação, com milhares de adeptos do Benfica? O que é que significou, para si, esse momento mágico?
A verdade é que nunca pensei que isso pudesse acontecer. Foi um momento muito importante porque, para um jogador estrangeiro, que não seja português, voltar uns 15 anos depois ao Benfica e ser recebido daquela forma é algo muito difícil de acontecer. É o que disse anteriormente, o carinho que eles me deram, tentei retribuir de alguma forma dentro do campo e, para mim, esse dia ficará na minha história. Porque isso aconteceu-me muito poucas vezes. Certamente irá acontecer outra vez, agora no Rosario Central. Apenas em Paris vivi outro momento assim, tão bonito, e isso também ficará na minha memória.
Como é que descreve a relação que tem com os adeptos do Benfica? É um ídolo para muitos jovens.
Desde o primeiro dia que só tenho palavras de agradecimento para os Benfiquistas. Cheguei com 18 anos, sem ser ninguém, sem ter ganho nada. Chegar com a minha mãe, o meu pai, as minhas irmãs, e as pessoas adotaram-me como se fosse um filho da casa. Para mim foi incrível. Por isso, essa vontade de voltar a vestir a camisola do Benfica depois de tantos anos era o que eu desejava. Sinceramente, estou-lhes eternamente grato. É algo incrível para mim. Espero um dia voltar de outra forma e que continue a sentir esse carinho.
Jogou em grandes clubes mundiais. Como é que descreve os adeptos do Benfica, que estão em todo o lado? É difícil encontrar semelhanças, não é?
É difícil. Tive a oportunidade de jogar contra todos os grandes clubes de cada país. Porque é a realidade, é o que move a minha carreira e, sinceramente, onde quer que vamos, seja na Liga dos Campeões, seja no Mundial de Clubes, seja na Taça, estamos sempre em casa, sempre a jogar em casa, sempre com os Benfiquistas por todo o lado. E não apenas isso, quando estou de férias em qualquer parte do mundo, aparecem sempre adeptos do Benfica e, sinceramente, isso é algo incrível.
Que balanço faz destes dois anos no Benfica? Valeu a pena?
Vale sempre a pena regressar ao lugar onde nos sentimos em casa. Como disse antes, a única coisa que me entristece é não ter conseguido mais títulos, não ter dado mais alegrias aos Benfiquistas que desde o primeiro até ao último dia sempre apoiaram, viajaram para todo o lado e, sinceramente, é a única coisa que me entristece, mas sei que eles sabem que dei o meu melhor, como dou sempre.
Aquela vitória frente ao FC Porto, por 4-1, com dois golos de Di María, foi o seu melhor momento nestes dois anos?
Acho que nessa fase, de um mês e meio, dois meses, foi quando eu estava num nível alto, sentia-me muito bem, com muita confiança. As coisas fluíam naturalmente. É difícil conseguir marcar dois golos num clássico, conseguir desfrutar de jogar futebol, porque foi um jogo incrível em todos os sentidos, então acho que ter conseguido pelo menos essa vitória em casa contra o Porto vai ficar certamente na história do Clube. Para mim e para todos os Benfiquistas.
Ainda se recorda da chegada ao Benfica na temporada 2007/08? Que jovem era este que atravessa o continente, deixa a família e ingressa num clube como o Benfica?
É difícil quando se tem de sair do país. Eu disse-o muitas vezes no dia em que decidi vir para o Benfica, disse à minha família que ou vinham todos, ou eu não vinha. E a minha família aceitou vir e assumir essa responsabilidade, sabendo que iriam depender de mim, do que eu fosse capaz de fazer. Mas enfim, esse é um dos momentos mais bonitos da minha carreira, porque a partir do dia em que cheguei, assinei contrato com este clube e a minha vida mudou para sempre.
O golo que faz pelo Benfica, com Diego Armando Maradona nas bancadas da Luz, foi outro momento muito marcante. Que recordações tem?
Incrível! Acho que passei muitos momentos históricos aqui, muitos momentos lindos. Que o Diego [Armando Maradona] tenha vindo ao Estádio da Luz para me ver…
... Diego Armando Maradona lado a lado com Eusébio...
Então, para mim, foi um momento único. Eu estava com muita vontade de jogar, de poder mostrar o meu valor. O Mundial de 2010 estava à porta e eu tinha a esperança de poder participar. E isso dependia muito daquele jogo. Também consegui marcar um belo golo. Ele saiu de lá contente. Graças ao Benfica, graças àquele golo naquele momento, tive a possibilidade de ir ao meu primeiro Mundial.
Fale-nos um pouco da sua relação com Nico Otamendi. Como é que é esta relação que vai para lá dos relvados, das quatro linhas?
Com o Nico [Otamendi], e a sua família. Somos muito unidos. Conhecemo-nos há muito tempo da seleção argentina, de viagens, de Mundiais, de Copas América. Mas poder conviver com ele no mesmo clube é muito diferente de quando se está na seleção, não é? A verdade é que fiquei com uma impressão muito mais bonita da que já tinha dele e da sua família. Passei dois anos maravilhosos com eles, a partilhar churrascos, jantares, aniversários, momentos inesquecíveis, a levantar uma taça. Acho que foram dois anos incríveis com ele, com a sua família e a vestir esta camisola, o que é obviamente um privilégio.
Di María é um dos jogadores com mais títulos no futebol mundial – tem 36. Olhando para este registo, onde é que pensa que está na história do futebol?
Essa pergunta é mais para os outros do que para mim. É muito difícil responder. O que posso dizer é que, assim como naquele vídeo, cheguei como uma criança e hoje vou embora como um adulto, e tudo o que aconteceu durante a minha carreira foi vivido da mesma forma que quando tinha 18 anos, agora que tenho 37. Cada título foi uma alegria imensa, seja o Mundial, seja qualquer outro título. Desde que comecei a jogar, a única coisa que queria era desfrutar no campo. Só me interessa desfrutar, divertir-me, sorrir, ser feliz e tudo o que veio foi graças a essa alegria que tento dar às pessoas e a mim mesmo dentro de um campo de futebol. Então, os títulos e onde estou hoje, se estou no topo, no fundo ou no meio, depende do que as pessoas queiram dizer. Para mim, o importante é a minha família, o que fiz durante a minha carreira, o que desfrutei na minha carreira e o resto é tudo o resto.
Jogou com grandes jogadores. Jogou com Messi na seleção da Argentina, jogou com Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Qual foi o melhor jogador que viu jogar nestes anos todos?
É muito difícil escolher um. Acho que tive a oportunidade de jogar com uma geração de jogadores incríveis, porque joguei com o Leo [Messi], joguei com o Cris [Cristiano Ronaldo], joguei com o Ibra [Ibrahimović], joguei com o Rooney, com o Van Persie, com o Mbappé, com o Neymar… Acho muito difícil escolher um. São todos monstros, todos jogadores de topo no ranking dos melhores, uns durante mais anos, outros menos, mas tive a oportunidade de jogar com quase todos ou com todos, se assim se pode dizer, por isso é difícil escolher um. Tenho esse privilégio e tive a sorte de poder jogar com grandes jogadores, com goleadores, com jogadores do último passe, com jogadores com um talento incrível. E é isso que levo comigo, essa possibilidade e essa sorte de ter podido jogar com tantos craques.
Qual foi o jogador, o defesa, neste caso, mais difícil que encontrou pela frente?
Um defesa? Normalmente, passo sempre por todos [risos], mas acho que... Não joguei contra ele. Apenas nos treinos. Acho que o Cuti Romero, que está no Tottenham, é um dos jogadores ou defesas mais difíceis de passar em todos os sentidos, pela velocidade, pela força. Então, acho que ele é o jogador.
E qual foi o treinador que mais o marcou?
Acontece que na minha carreira sempre tive momentos bons em que depois baixava de forma, e tive sempre a sorte de ter um treinador que me ajudava a voltar a subir. São vários. Tenho medo de esquecer algum, mas se tenho de começar por um, é por Don Ángel Tulio Zof, o treinador que me proporcionou a estreia na Primeira Divisão, que me viu a jogar na Liga Rosarina pelo Rosario. Foi ele que me descobriu e fez-me passar do meu escalão diretamente para a Primeira Divisão. Treinei quatro dias e joguei no fim de semana. Portanto, para mim, Don Ángel é a pessoa que me deu a oportunidade e, graças a ele, hoje sou quem sou.
Fernando Santos, Camacho, Quique Flores, Jorge Jesus, Roger Schmidt e agora Bruno Lage. Como é que descreve os treinadores que teve no Benfica?
Cada um tinha as suas qualidades. Em primeiro lugar, estou grato ao Fernando Santos porque foi ele que me trouxe para o Benfica, que me viu no Rosario Central, no Mundial Sub-20 com a Argentina e que me trouxe para cá. Por isso, estar-lhe-ei sempre grato. Depois, tive o Camacho e o Quique, que me utilizaram menos, que me fizeram jogar muito menos porque trouxeram os seus próprios jogadores. Camacho trouxe "Cebolla" Rodríguez e Quique trouxe Reyes. Então, foi um pouco mais difícil jogar, mas tudo bem. Acho que isso também foi muito bom para mim, porque cresci aos poucos, com os treinos, com os jogadores, com a experiência. Foi bom para mim. E depois chegou Jorge Jesus, que me deu a oportunidade de jogar, que me colocou como titular indiscutível, que me deu a confiança de que eu precisava e, graças a ele, dei o salto e pude ir para o Real Madrid. Acho que ele foi um treinador que tirou o melhor de mim e fez com que eu pudesse explodir naquele ano. Depois, quando voltei, tive o [Roger] Schmidt e agora o Bruno Lage. Eles são completamente diferentes. O [Bruno] Lage é muito mais agressivo a falar com o jogador para extrair aquela energia. O Schmidt era muito mais calmo. Tentava tirar o melhor de cada um em cada momento, muito mais calmo. Mas são dois grandes treinadores. Infelizmente, com os dois não foi possível ganhar muitos títulos, mas o futebol também é assim. Mas acho que o Clube acaba sempre por escolher boas opções.
Jogou no Benfica, no Real Madrid, no Manchester United, na Juventus, no Paris Saint-Germain. Onde é que vimos o melhor Di María?
Acho que o meu terceiro ano aqui foi um grande ano. Depois, também o meu quarto ano no Real Madrid, em que ganhámos a Champions. Foi um ano espetacular, inesquecível em todos os sentidos, por tudo o que fiz numa posição em que não estava habituada a jogar, que era no meio. E acho que depois os meus melhores anos foram no Paris Saint-Germain. Esses sete anos que passei em Paris foram anos inesquecíveis, com títulos quase todos os anos, dando o meu melhor em todos os jogos, estabelecendo recordes históricos, de assistências, de golos. Então acho que esses anos foram dos melhores.
Tem 36 títulos. Tem também aquela característica de ser um jogador decisivo nos grandes jogos, nas grandes finais. Se tiver de escolher aqui o melhor jogo da sua carreira, qual é?
A final contra a França no Mundial. Acho que os 75 minutos que joguei, foram 75 minutos incríveis, em que nem eu mesmo acreditei, por momentos, nas coisas que fiz, na forma como me senti dentro do campo. Acho que foi o melhor jogo que fiz na minha carreira.
E no Benfica, nos cinco anos, qual é aquele jogo que nunca lhe vai sair da memória?
Não sei se é porque é o mais recente, mas acho que foi o jogo contra o Porto em casa, em que marquei dois golos. Esse foi certamente o melhor jogo, em que me senti melhor, porque marquei dois golos. Foi num clássico e foi no Estádio da Luz, o que é muito mais bonito.
Qual é o melhor golo da sua carreira, na sua opinião?
O melhor golo da minha carreira? Tenho vários [sorrisos], mas se tiver de escolher um, porque hoje estou aqui, aquele golo de rabona que marquei na Liga Europa pelo Benfica contra o AEK da Grécia. Acho que foi por ser como foi, pela velocidade e tudo mais, foi um golo incrível.
Já agora, tem tantos golos, como disse, é justo escolher três. Um já está, os outros dois quais são?
Os outros dois? Acho que posso escolher o golo da final do Mundial e pelo que ele representa, e também o golo da final contra o Brasil no Maracanã, na Copa América. Porque foi a primeira Copa América com a Argentina depois de 28 anos sem conquistar um título, e esse golo de chapéu, que me é característico, também é um dos meus favoritos.
Estamos a falar dos melhores momentos da sua carreira... E o momento mais difícil da sua carreira, tem algum que identifique?
De 2014 a 2016, quase até 2017, tive muitas lesões na seleção argentina. Foram os momentos mais difíceis para mim. Era muito difícil levantar a cabeça em momentos difíceis, em que tentava dar sempre o melhor para o meu país e queria sempre fazer o melhor. E acabavam por acontecerem-me coisas, lesões que não me deixavam levantar a cabeça. Mas sempre tive a minha família ao meu lado, que me apoiou e ajudou-me a seguir em frente. Então, nesse sentido, sou uma pessoa de sorte. O mau foram esses anos de seleção.
No Benfica, qual foi o melhor e o pior momento?
No Benfica, para mim, embora por vezes não tenha ganho títulos, foi tudo maravilhoso. Desde que cheguei com 18 anos até agora que vou embora com 37, os cinco anos foram inesquecíveis. Porquê? Porque me senti em casa sempre, da primeira vez, como desta segunda vez. Não sei porquê, é difícil explicar com palavras o que se sente. Não sei. Os dois lugares onde sempre me senti muito confortável foram em Rosário e em Lisboa. São duas cidades muito parecidas, são pequenas, onde é fácil movimentarmo-nos e as pessoas são muito parecidas, com carinho, com tudo. Então, é uma cidade incrível e acho difícil dizer que passei por momentos maus, porque às vezes, quando não se ganha dentro de campo, tens as pessoas fora que te consideram um ídolo, uma lenda, e isso deixa-te muito feliz.
Volta à Argentina também, naturalmente, pela família. O que é que significam estas pessoas para si?
[Di María vê imagens da sua família e emociona-se]
É muito forte, não é? São as pessoas que sempre estiveram com Di María.
É difícil porque são as pessoas que sempre estiveram lá. Esse vídeo é daqui. Sempre a viajar comigo. Sempre ao meu lado. Nunca me deixaram sozinho. São as pessoas que sempre estiveram lá. E nada mais. Acho que o que estávamos a falar antes, tudo o que ganhei, tudo o que tenho, tudo o que fiz durante a minha carreira, é graças ao apoio da minha família, da minha mulher, das minhas duas filhas e, para mim, isso é o mais importante. No final, é algo muito bonito. Hoje tenho-as aqui comigo, estão aqui em Tampa, estão a desfrutar comigo, a ir aos jogos, continuam a torcer pelo Benfica como no primeiro dia. Sinceramente, são tudo para mim.
Qual foi o melhor Campeonato onde jogou?
É difícil dizer qual foi o melhor Campeonato. Cada um tem as suas particularidades. Senti-me muito confortável em todos eles. Tive a oportunidade de participar em todos os melhores Campeonatos da Europa. Isso deixa-me tranquilo, ter conseguido ter a oportunidade de jogar em todas as ligas em que queria. Por isso, estou feliz por ter conseguido isso.
Falando da relação que tem com o Presidente Rui Costa, de quem foi companheiro de equipa: que importância é que ele teve no regresso de Di María ao Benfica?
Ele teve toda a importância porque foi ele quem iniciou tudo isto para que eu voltasse. Eu já tinha decidido deixar a Juventus, e no ano anterior ele já tinha falado comigo, já queria que eu viesse para cá, queria que eu estivesse aqui e não tivemos muito o que conversar, apenas uma única conversa e, no final, vim. Não houve muito o que conversar. Eu disse-lhe o que quiseres. A única coisa que quero é voltar a vestir a camisola do Benfica. Quero voltar a ser feliz em Lisboa. E quero mostrar às minhas filhas onde tudo começou, onde comecei quando tinha 18 anos e, na verdade, foram dois anos maravilhosos. Obrigado ao [Presidente] Rui [Costa].
Como é a sua relação pessoal com o Presidente do Benfica?
Como ele disse uma vez: uma relação Pai/Filho. Quando cheguei aqui, ele tinha voltado ao Benfica para se retirar e adotei-o como pai. Ele ajudou-me muito. Aprendi muito com ele e, desde aquele dia até hoje, temos a mesma relação. Continuamos a rir juntos, continuamos a conversar sobre futebol. Conversamos sobre muitas coisas. A verdade é que o carinho que tenho por ele é muito grande, assim como ele tem certamente por mim. Estou-lhe grato pela minha primeira passagem por aqui, porque ele me ajudou muito a crescer, e por esta segunda vez, por me abrir as portas para que eu pudesse voltar. Apenas tenho palavras de agradecimento para com ele e espero que, no futuro, também possa voltar aqui e continuar, continuar a vê-lo e ter a relação que temos.
Já pensou como será quando, um dia, regressar ao Estádio da Luz?
Não, na verdade, não. Mas certamente no dia em que eu voltar, serei recebido da mesma forma que fui recebido duas vezes, a primeira com 18 anos e agora com 35, quando regressei. Acho que serei recebido com o mesmo carinho. Vejo isso nas redes sociais. Vi quando perdemos tudo em Portugal neste ano, vou ao supermercado e as pessoas dizem-me que não faz mal, que não ganhámos, que me agradecem por ter voltado. E certamente esse carinho nunca vai desaparecer.
O que é que significa para si o Sport Lisboa e Benfica?
Amor puro! É um amor que desde o primeiro dia em que cheguei com 17, quase 18 anos, e agora que vou embora com 37, sempre senti que era a minha casa, o meu lugar no mundo, e vivi isso com as minhas filhas neste ano. Com a minha mulher já tinha vivido um ano aqui quando éramos mais jovens, agora com as minhas filhas, e elas sentiram-se incríveis em Lisboa. Elas estavam mais do que felizes. Choraram quando decidimos partir, embora também estivessem entusiasmadas por ir para Rosário. Mas isso deixa-me tranquilo, saber que não só os meus pais e as minhas irmãs, mas também a minha filha e a minha mulher viveram felizes em Lisboa e, por isso, para mim, Benfica é amor puro.