Reportagem
21 janeiro 2022, 11h01
Pelas Casas do Benfica
Antes das recordações, as atividades e a Casa, que em duas décadas de existência teve a porta aberta diariamente, como deu conta o presidente da direção, Miguel Gonçalves.
"Em 22 anos, felizmente, a Casa teve a porta aberta diariamente. Já mudou de instalações devido a dificuldades financeiras e porque tínhamos uns vizinhos com televisão de café onde davam os golos antes da nossa Casa, e nós já festejávamos tarde e mal. Tivemos de mudar de instalações, foi a única coisa má. A Casa tem instalações dignas, está bem ornamentada. Temos no primeiro piso a sala com o ecrã, onde temos de fundo a nossa Catedral e bar aberto. No piso inferior, sala de snooker e sala onde se pode ver jogos", começou por notar.
"Realizamos um torneio anual de snooker e outro de sueca, onde vamos no sexto, porque no ano passado não tivemos. Nos torneios aparecem elementos sem ser do Benfica, portanto, a relação com os amigos mantém-se aqui na Casa", acrescentou.
Luís Monteiro, presidente da Mesa da Assembleia Geral, realçou a vitalidade e a democracia da embaixada de Peso da Régua e lembrou aquele que, para si, foi o momento mais marcante.
"Enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral tento que a situação estatutária seja cumprida. Gostaria de realçar que não só comigo, mas durante a sua existência, a Casa teve cinco presidentes de direção, o que é sinal de vitalidade e democracia. Sempre teve os órgãos sociais constituídos, e isto é de realçar. As questões estatutárias não são para estar só no papel, são para ser cumpridas no dia a dia para o bom funcionamento", anotou.
"Nunca me esqueço de quando fomos a Liverpool ver os famosos 0-2. Ganhámos com os golos de Miccoli e de Simão Sabrosa. Pelo jogo e pelo ambiente que se viveu naquele estádio... Ganhámos, ficámos retidos durante 10 minutos e nesse tempo os cânticos entoaram num estádio que não era o nosso. No final também nos cruzámos com adeptos do Liverpool com um fair play extraordinário, e isso ficou-me para sempre gravado na memória", recordou.
"Sentimos muitas saudades. O futebol sem adeptos não é a mesma coisa. Das visitas que fiz ao estrangeiro, uma das mais carismáticas foi à Rússia, quando o Benfica jogou com o Zenit. Troquei cachecóis com os adeptos do Zenit e ainda os tenho de recordação. Acompanho o Benfica sempre que posso e guardo isso com muito carinho", memoriou António Portela, Sócio fundador da Casa.
Também afetada pela pandemia, foi através do merchandising que a embaixada, num tempo "difícil", colmatou as falhas e dificuldades. António Monteiro, vice-presidente da direção, acrescentou e lamentou a ausência de atividades desportivas ligadas ao braço armado e considerou-o uma impossibilidade pela falta de recursos na localidade. "Custa-me não termos nenhuma atividade desportiva, adorava, mas na localidade não encontro equipamentos que nos façam abrir esse horizonte", disse.
"As memórias que tenho são principalmente as que antecedem a abertura da Casa. Todas as reuniões, jantares e afins que fizemos para conseguir que alguém pegasse na ideia e a transformasse no terreno. Faço parte da geração que conseguiu criar a Casa do Benfica em Peso da Régua", recuou António Monteiro, com emoção.